sexta-feira, 30 de novembro de 2007

"O tempo pára e a música passa" - relatos de uma viagem com (senti)movimento

Eu sei que tenho estado em falta para com o meu blog, mas ultimamente tenho-me ocupado mais com as acções do que com a escrita. O tempo de sobra escasseia sempre para escrever ou então anda a faltar-me a verdade ou uma verdade sobre a qual valha a pena escrever... Não, não é verdade. Sobre este tempo em omissão haveria muito para contar, muitas coisas boas, e algumas menos positivas, mas todas memoráveis.

Muitas das vezes, sem percebermos muito bem como, vemo-nos envolvidos no jogo das sensações. Boas sensações. As nossas viagens num tempo, que não tem tempo revelam-se num misto de prazer, de languidez e de loucura. O anseio pela busca do inequivoco leva-nos para um mundo só nosso e onde os limites não têm expressão. Fico inebriada com a envolvência quente e suave desses momentos. É "bôm"... Solto-me, pouco a pouco, na busca do sentir. Entrego-me lentamente, tentando perceber mais esta viagem. Sou assim.... A minha loucura impede-me de ser diferente. Procuro algo que encontrei sem ter procurado.

Existe algo em mim que ainda não percebi se não consigo gerir ou receio enfrentar porque desconheço ainda este tipo de sentir. Sinto-me infinitamente feliz, evitando sentir a felicidade. Vivo este dilema. Custa-me proferir a palavra: "help me" - é menos penoso em inglês. Sorrio, porque gozo o momento, não penso em nada... estou ébria de sensações... Mas quando sorrio porque penso não o consigo traduzir aquele meu sorriso em palavras. Agora sim, coragem, vou ter coragem: ajuda-me neste meu dilema de gramática mental. Pois, eu sei, logo eu que domino tão bem as palavras... Tenho medo, luto contra ele enraivecida... Preciso de ajuda para me libertar, ajuda-me a abrir esta porta, estou cansada de vislumbrar a paisagem pela mesma janela... Quero sair, sentir o mundo.

Doí-me a palavra proferida sem sentido, razão ou fundamento. As palavras são as armas mais poderosas que possuimos. Algumas palavras se proferidas em certos momentos podem ferir-nos no que temos de mais precioso. Dilacerar-nos naquilo a que muitos chamam de alma e que eu prefiro apelidar de essência pois indica com mais clareza aquilo que nos define no mais profundo do nosso ser. Para agudizar a dor, as palavras podem vestir a capa do gesto, da expressão ou simplesmente de um olhar e tornarem-se letais até para o ser humano que não se considera minimamente sensivel.

Deu-me gozo a liberdade daquela viagem. Perpetuei-a na minha mente porque não a vejo com superficialidade. Para mim foi como aquela foto que guardamos no nosso album com muito carinho e vontade de reviver o momento a cada vez que revesitamos essa imagem. Não guardo ressentimentos, não me arrependo de nada do que vivi, mas daquilo que posso não ter experimentado.

Mas as viagens têm, como todos sabemos, um senão que não tarda em chegar. O tempo que estava esquecido volta à memória como uma má recordação que se luta incesantemente para esquecer. No desejo fica o devir de novas viajens, de novas sensações, do quebrar barreiras e de sentir aquilo que nunca sentimos.

O tempo avança, a música pára e a viagem termina...


"Ce text c'est pour toi."

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