quinta-feira, 11 de agosto de 2011

"Eternal sunshine of the spotless mind"

Neste momento, não há nada que melhor descreva aquilo que estou a sentir! E como uma imagem vale mil palavras e uma animação vale mil milhões das mesmas...



"Blessed are the forgetful: for they get the better even of their blunders." (Friedrich Nietzsche)

domingo, 12 de junho de 2011

... e muito tempo passou, sem verdade!!!


Sei que na verdade, muito tempo passou sem que um palavra fosse proferida... Nada para dizer? Nenhuma verdade que fosse meritória deste espaço? Falta de tempo para dizer essas verdades? Não, nada disso. Na verdade foi a falta de vontade em "fugir"... ou seja, assumir essas verdades.

Haveria muito para dizer acerca destes anos em que me mantive muda, numa mudez ensurdecedora talvez. Para já a única coisa que poderei contar, é que não sei o que dizer sobre tudo o que o que tem passado por mim e comigo. Penso que nesta altura seria um erro afirmar seja o que for sobre qualquer coisa... Enfim, um borbulhar de ideias e um fogo que me arde cá dentro com apelando-me para a partilha. Para a explosão de palavras, que deveriam ter sido ditas e/ou escritas e não o foram.

Penso que tenho, sobretudo, que me manter fiel aquilo que acredito: O que passou, passado está. Não o posso mudar, nem remediar. A partir de agora é só olhar em frente e de cara levantada.

O sofrimento é vil, mas abre-nos horizontes...

Até breve, prometo que serei mais clara na próxima verdade. Mas é que agora tenho que fugir...

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

"O tempo pára e a música passa" - relatos de uma viagem com (senti)movimento

Eu sei que tenho estado em falta para com o meu blog, mas ultimamente tenho-me ocupado mais com as acções do que com a escrita. O tempo de sobra escasseia sempre para escrever ou então anda a faltar-me a verdade ou uma verdade sobre a qual valha a pena escrever... Não, não é verdade. Sobre este tempo em omissão haveria muito para contar, muitas coisas boas, e algumas menos positivas, mas todas memoráveis.

Muitas das vezes, sem percebermos muito bem como, vemo-nos envolvidos no jogo das sensações. Boas sensações. As nossas viagens num tempo, que não tem tempo revelam-se num misto de prazer, de languidez e de loucura. O anseio pela busca do inequivoco leva-nos para um mundo só nosso e onde os limites não têm expressão. Fico inebriada com a envolvência quente e suave desses momentos. É "bôm"... Solto-me, pouco a pouco, na busca do sentir. Entrego-me lentamente, tentando perceber mais esta viagem. Sou assim.... A minha loucura impede-me de ser diferente. Procuro algo que encontrei sem ter procurado.

Existe algo em mim que ainda não percebi se não consigo gerir ou receio enfrentar porque desconheço ainda este tipo de sentir. Sinto-me infinitamente feliz, evitando sentir a felicidade. Vivo este dilema. Custa-me proferir a palavra: "help me" - é menos penoso em inglês. Sorrio, porque gozo o momento, não penso em nada... estou ébria de sensações... Mas quando sorrio porque penso não o consigo traduzir aquele meu sorriso em palavras. Agora sim, coragem, vou ter coragem: ajuda-me neste meu dilema de gramática mental. Pois, eu sei, logo eu que domino tão bem as palavras... Tenho medo, luto contra ele enraivecida... Preciso de ajuda para me libertar, ajuda-me a abrir esta porta, estou cansada de vislumbrar a paisagem pela mesma janela... Quero sair, sentir o mundo.

Doí-me a palavra proferida sem sentido, razão ou fundamento. As palavras são as armas mais poderosas que possuimos. Algumas palavras se proferidas em certos momentos podem ferir-nos no que temos de mais precioso. Dilacerar-nos naquilo a que muitos chamam de alma e que eu prefiro apelidar de essência pois indica com mais clareza aquilo que nos define no mais profundo do nosso ser. Para agudizar a dor, as palavras podem vestir a capa do gesto, da expressão ou simplesmente de um olhar e tornarem-se letais até para o ser humano que não se considera minimamente sensivel.

Deu-me gozo a liberdade daquela viagem. Perpetuei-a na minha mente porque não a vejo com superficialidade. Para mim foi como aquela foto que guardamos no nosso album com muito carinho e vontade de reviver o momento a cada vez que revesitamos essa imagem. Não guardo ressentimentos, não me arrependo de nada do que vivi, mas daquilo que posso não ter experimentado.

Mas as viagens têm, como todos sabemos, um senão que não tarda em chegar. O tempo que estava esquecido volta à memória como uma má recordação que se luta incesantemente para esquecer. No desejo fica o devir de novas viajens, de novas sensações, do quebrar barreiras e de sentir aquilo que nunca sentimos.

O tempo avança, a música pára e a viagem termina...


"Ce text c'est pour toi."

segunda-feira, 23 de julho de 2007

It's all gone...

Para quem viu o "24 Hours Party People" e gostou, a vida alucinante de um Dj de nome Frankie Wilde que depois de ter ficado surdo conseguiu editar um album... e que supostamente morreu de sífilis nas ilhas Fidgi. Aconselho vivamente... às mentes mais "abertas", é claro. Para os outros, aconselho "Música no coração"...

"Pay no mind to those who walk behind your back, it simply means you are two steps ahead"

Vai tudo abaixo !!!!

NOTA: Não aconselhado a "mentes sensíveis" e sem sentido de humor...

A passagem das horas


"Sentir tudo de todas as maneiras,

Viver tudo de todos os lados,

Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,

Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos

Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.


Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,

Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,

Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,

Seja uma flor ou uma idéia abstrata,

Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.

E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo.

São-me simpáticos os homens superiores porque são superiores,

E são-me simpáticos os homens inferiores porque são superiores também,

Porque ser inferior é diferente de ser superior,

E por isso é uma superioridade a certos momentos de visão.

Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidades de carácter,

E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades,

E com outros ainda simpatizo por simpatizar com eles,

E há momentos absolutamente orgânicos em que esses são todos os homens.

Sim, como sou rei absoluto na minha simpatia,

Basta que ela exista para que tenha razão de ser.

Estreito ao meu peito arfante, num abraço comovido,

(No mesmo abraço comovido)

O homem que dá a camisa ao pobre que desconhece,

O soldado que morre pela pátria sem saber o que é pátria,

E o matricida, o fratricida, o incestuoso, o violador de crianças,

O ladrão de estradas, o salteador dos mares,

O gatuno de carteiras, a sombra que espera nas vielas —

Todos são a minha amante predileta pelo menos um momento na vida.


(...) Multipliquei-me, para me sentir,

Para me sentir, precisei sentir tudo,

Transbordei, não fiz senão extravasar-me,

Despi-me, entreguei-me,

E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente.


(...) Foram dados na minha boca os beijos de todos os encontros,

Acenaram no meu coração os lenços de todas as despedidas,

Todos os chamamentos obscenos de gesto e olhares

Batem-me em cheio em todo o corpo com sede nos centros sexuais.

Fui todos os ascetas, todos os postos-de-parte, todos os como que esquecidos,

E todos os pederastas - absolutamente todos (não faltou nenhum).

Rendez-vous a vermelho e negro no fundo-inferno da minha alma!"


Álvaro de Campos, 22-5-1916

Um dia acordei...


Um dia acordei, ou não, não tenho a certeza se estou acordada... Sinto-me confusa, perdida e sem rumo. Sinto uma vontade imensa de fugir, não sei muito bem de quê, mas sinto-o intensamente.

Acordei, mas não estava adormecida, estava numa latência infinita, sonâmbula, movimentando-me aleatóriamente, flutuando sobre a vida.

Acordei, mas não queria acordar, sinto-me a deambular pelo infinito, mas não sei se estou a gostar. É solitária esta viagem. Procuro algo que não sei se existe. Vivo na insatisfação... Não sei se sou feliz. Vivo num momento irreal. Invento realidades paralelas. Confundo os sentimentos...

Acordei, mas continuo a sonhar, não o consigo evitar... Sonho com o meu mundo perfeito, mas a minha insatisfação não me deixa concretiza-lo. Brinco com a vida, atiro-me de cabeça para o abismo, sem pensar. E caio em mim... Choro, sorrio, rio às gargalhadas, choro, choro, choro... mas choro por dentro, em silêncio, sem ninguém me ouvir. Choro para mim e sorvo as minhas lágrimas como se fossem algo precioso. Transformo-as em força, em impulsos de raiva, de ternura de prazer.
Não compreendo as pessoas, não entendo o mundo, não me percebo a mim própria... Não sei quem sou, nem o que quero ser. Derramo a minha alma por onde passo. Dou-me sem me vender. Dou-me demais. Não aceito nada em troca. Não me vendo.

Acordei, e não quero sentir. Quero perder a sensibilidade. Tenho medo. Não quero crescer... Não consigo... Evito os sentimentos sem os conseguir evitar. Engano-me a mim própria. Enceno para mim uma peça mentalmente concebida, idilica, e represento-a. Não consigo evitar de sentir. Maldita essência que a natureza me deu.

Acordei, com um dilema, o mais enigmático dos dilemas, o de mais dificil resolução, o mais intrincado. A definição da essência do meu ser. O que mudou em mim? O que me fugiu ao controlo? O que me está a fazer sentir desta forma? Eu sei... mas vou negar a mim própria.

Acordei, e sei que vou ter que sobreviver. Eu sou uma sobrevivente por natureza, tal como o naufrago que se salva das águas gélidas do oceano no último momento, e que já não sente qualquer parte do seu corpo, em que só o cérebro está acordado para lhe agudizar a dor e a loucura. Sou eu esse naufrago, revejo-me na sua loucura, na sua dor, no repassar das últimas palavras proferidas. Sou eu esse naufrago, e meu oceano é o mundo, a sociedade que me reprime e me condena. O oceano é aquele dedo sempre para mim apontado... Mas eu sei que vai ser sempre assim... Aí está o meu ser, flutuando no oceano, deixando-se levar apenas por algumas ondas, mergulhando noutras, mas sem se deixar embeber nas suas águas salgadas.

Acordei, e sou eu, revejo-me num gato meigo, dócil, astuto e assustado mas que não consegue evitar a sua natureza. Sou eu, mais uma peça num grande puzzle, que não encontra o seu sitio. Não estou a conseguir elevar a minha alma. Dá-me dois minutos... Não chega... talvez mais dois... Talvez um banho bem quente para diluir as lágrimas mornas que me deslizam pela face sem freio... Sim, isso deve resolver a angústia que sinto em mim.

Acordei, e já chega de me lamentar. Não, não é por comparação que resolvo as minhas “desgraças”. Não penso que o mal dos meus congéneres é pior que o meu. O meu é o pior porque sou eu que o sinto, da minha forma. É meu, pessoal e intransmissivel. Por isso vou exorcizá-lo à minha maneira... Pois já sei e criar outro problema maior... Paciência. Sou eu... e eu sou assim...